TEXTOS DO AUTOR

CARTA A JUCELINO, SEM "S"

Desvendar os mistérios do futuro, a que nos leva? Isso ajuda ou atrapalha? Ou não acrescenta absolutamente nada à nossa vida?

Jucelino Nóbrega da Luz
CP 54 – Águas de Lindóia, SP
jucelinopremonicao@yahoo.com.br
jucelinopremonicao@ig.com.br
Brasília, 17 de outubro de 2006

Prezado Jucelino,
Em primeiro lugar, manifesto o desejo de adquirir seu livro “O homem à frente das profecias”. Como fazer?

Estou aqui olhando os seus dois sítios na internet e fico matutando sobre a sua missão. Na minha condição de estudioso espiritualista, vejo-o como um intermediário entre o mundo físico e o espiritual, qualidade que todos nós temos um pouco, a tal da mediunidade, como é chamada no meio. Assim, os seus anjos guardiães, seus espíritos mentores, devem ter acesso a arquivos da espiritualidade (passado, presente e futuro) e lhe passam algumas informações (não sei se autorizados) que se prestam ao crescimento das pessoas e da sociedade, já que estamos “condenados” ao crescimento espiritual, embora nos revelemos ainda tão animalizados neste planeta de provas e expiações. Embora vejamos tanta efervescência neste mundo-de-meu-deus. Um empurrãozinho na caminhada inexorável em direção ao Pai Criador, eis o que seus mentores e você próprio querem realmente, imagino. Pra mim, só isso justifica o “vazamento” das informações de lá para cá... E quanto à sua luta árdua contra a corrupção, é o que deveríamos todos estar fazendo.  Afinal, a acomodação não faz bem a ninguém.

Não sei se os espíritos que falam com você são sempre os mesmos. E se há alguns também que não medem conseqüências em passar informações fúteis como o caso de resultados de jogos e eleições de vereadores, deputados, senadores. Não consigo ver utilidade em revelações desse tipo, Jucelino, e acho mesmo é que atentam contra a sua credibilidade. Na outra dimensão temos espíritos de todos os tipos, da mesma forma que nós encarnados. Alguns cheios de objetivos nobres, outros bem-intencionados, mas despreparados. Uns brincalhões, outros inconseqüentes, não sei se concorda. Se um espírito nos revela algo, a sua credibilidade deve ser avaliada antes – sei que é difícil, mas é um imperativo. Tudo deve ser passado pelo crivo da razão e da racionalidade. Transcrevo um e-mail de uma pessoa, de 9.10.2006, para você sentir como as pessoas são críticas em relação a detalhes relacionados ao seu (de Jucelino) trabalho.

Assunto: Res: Eleição e Jucelino sem "s"...
Que cara mais Blêfe.
A carta enviada ao ministro Marcos Aurélio de Mello (primo do Collor) só foi registrada em 20/set, ou seja, depois que existiu a denúncia. Que já se sabe é FALSA, pois a polícia federal não encontrou grampo algum.
Outra, com relação às eleições, só foi registrada no dia 14/ago/2006, e é tão falsa que foi feita com base nas pesquisas de opinião divulgadas, ou seja, ele errou feio o caso da Bahia que teve governador do PT eleito no 1º turno e mais no caso do Rio Grande do Sul, no qual o Rigotto não foi nem para o 2º turno... BLEFÊ!!
O cara tá a fim de fazer fama e ganhar dinheiro... melhor ele deixar as observações políticas para a próxima vida!
Bjkas, Dri

No caso do acidente da Gol, de 30.9.2006, fico a refletir. É claro que não poderia ser evitado (daí talvez o inexplicável “descaso” da Gol que você menciona...). Ora, sabe-se que as equipes espirituais que programam nossas reencarnações e nossos desencarnes – são prepostos do Pai – têm um trabalho intenso em programar desencarnes coletivos, de pessoas que teriam necessidade de passar por aquela provação juntos, naquelas condições, daquela forma. E retiram-se pessoas de um vôo por  motivos  aparentemente bobos – um  pneu que fura, uma indisposição –, e  reúnem-se igualmente pessoas que nem sonhavam estar lá naquele dia e horário, ou que haviam jurado jamais andar de avião. Não seria um aviso com antecedência que mudaria as coisas, você há de convir. Não sei se sua intenção seria que não acontecesse o vôo 1907 naquele fatídico dia. Evitar-se-ia a tragédia? Duvido. Sabemos também que todos temos o livre-arbítrio e podemos diuturnamente reconstruir os nossos destinos... mas somente quanto a determinadas questões. Em outras situações somos vítimas de um determinismo provocado pelo mau uso do livre-arbítrio no passado (colhe-se o que se planta; é a terceira Lei de Newton, que vale para a Física e para reger os nossos destinos também, sob o nome de Lei de Causa e Efeito, ou da Causalidade, ou Lei de Ação e Reação). No seu caso, então, para que a premonição ficasse registrada, bastaria registrar um relatório em cartório. Acho que esse raciocínio explica o descaso dos destinatários de muitas cartas-aviso suas. Aliás, por que o caso da Gol não está no site?

Ao final vou transcrever um texto que usei em uma palestra. É o caso do judeu Moshê. Vejo no relato uma prova muito interessante de que os mensageiros e prepostos de Deus operam coisas inimagináveis (alguns chamariam de “milagres”, mas sabemos que não é bem isso. É um pouco mais simples e cartesiano). Moshê era um judeu americano. Morava nos EUA, mas achava-se em Israel a negócios. Era agosto de 2001. No momento de enfrentar uma fila imensa numa pizzaria, ele demonstra estar ansioso, apressado. E alguém lhe cede o lugar na fila.  E ele é rapidamente atendido.  E sai logo.  E a pizzaria explode logo depois, em função de um atentado provocado por um homem-bomba. Moshê, nos hospitais de Jerusalém, tenta achar o seu benfeitor.  E acha. O homem sobrevivera. Conversa com seu filho, dá seu cartão e oferece seus préstimos. Voltaria aos EUA, mas estaria sempre à disposição daquele cujo gesto salvara-lhe a vida.

Tempos mais tarde, setembro de 2001. O filho do judeu benfeitor liga para Moshê.  O caso de seu pai complicara-se.  Necessitava de cirurgia que só era feita nos Estados Unidos.  E Moshê se oferece. Que viesse aquele homem.  Moshê iria apanhá-lo no aeroporto para uma viagem a Boston para atendimento médico. Fazia questão que tudo fazer pelo bem daquele que salvara a sua vida.  Foi assim que, naquela manhã de dia 11 de setembro de 2001, Moshê estava ausente de seu escritório no 101º andar  das Torres Gêmeas.

No caso de Moshê e da explosão da pizzaria, as premonições de Jucelino Nóbrega da Luz, quanto a resultados palpáveis, resumir-se-iam somente em reforçar a preservação da integridade física de Moshê e de seu novo amigo, mas não dos outros freqüentadores da pizzaria israelense que explodiu... Não sei se concorda.  Ao ler o texto, se tiver tempo, retome esse parágrafo. E não haveria forma de uma premonição de Jucelino impedir a retirada de alguém das Torres Gêmeas que necessitasse passar por aquela tragédia, estar lá naquele exato momento.
Quanto ao seu site. As “mensagens” não abrem (de 2005 e 2003). Quanto a “matérias”, uma dúvida cruel, nós que conhecemos tão bem a personalidade de Chico Xavier... Em “O homem que jura sonhar com o futuro” (Revista Viva Mais, 4.11.2005), a frase que se segue é sua ou de Carolina Pasquali? “[...] Eu escrevi pra ele [Chico], infelizmente. E ele pediu também pra eu mandar essa mesma carta pro túmulo dele durante dez anos. Mando até hoje." Jucelino, você saberia a intenção de Chico ao pedir isso a alguém?! O que se deve depreender de um ato tão díspar e descolado da personalidade do nosso Chico? Cartas para o túmulo, como se ele estivesse lá? Francisco Cândido Xavier? Ó, Jesus...

Ainda sobre seu site.  O layout é interessante.  Em “previsões e premonições”, sugiro evitar textos inteiros em caixa-alta.  Prejudicam a leitura, embora se deseje e se pense o contrário.  Observação – algumas pessoas, quando notam alguma disparidade entre data de emissão da carta e data de registro, se desiludem.  É o caso do e-mail-resposta que transcrevi anteriormente.  Não se apoquente, por favor, com o teor da mensagem da pessoa (que assina Dri).  Bem... você deve estar acostumado com aplausos e críticas.
Não entendo por que se utiliza da velha máquina de escrever... Esse tempo já passou e computador é mais prático, produzindo textos mais limpos... ou máquina de escrever confere mais credibilidade? Notei en passant, em suas cartas, alguns erros possivelmente em função da pressa ou da sua preocupação mais com conteúdo do que com forma, apesar de ser formado em Letras. Só me lembro agora de “palheativo”.  Ofereço minha colaboração a você nos textos que quiser revisar.  Gratuitamente, diga-se de passagem.  Hoje em dia, pela internet, as coisas são bem práticas e rápidas.  Fique à vontade. 

Não pretendo que você responda a esta carta (que pretendo enviar por e-mail e pelo correio também). Sei que é muito ocupado. Mas que aproveite no que couber. Não veja também, por favor, qualquer intenção nesta carta de saber algo sobre o meu futuro ou dos que me rodeiam. Sou adepto de que tudo se ajeita mais cedo ou mais tarde.   

Abraço, fique com Deus e muita paz!

Aristides Coelho Neto

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Nada é por acaso...

          No mês de agosto de 2001, Moshê (nome fictício), um bem-sucedido empresário judeu, viajou para Israel a negócios.
          Na quinta feira, dia nove, entre uma reunião e outra, o empresário aproveitou para ir fazer um lanche rápido em  uma pizzaria na esquina das ruas Yafo e Mêlech George, no centro de Jerusalém.
          O estabelecimento estava superlotado. Logo ao entrar na pizzaria, Moshê percebeu que teria que esperar muito tempo numa enorme fila, se realmente desejasse comer alguma coisa – mas ele não dispunha de tanto tempo.
          Indeciso e impaciente, pôs-se a ziguezaguear por perto do balcão de pedidos, esperando que alguma solução caísse do céu.
          Percebendo a angústia do estrangeiro, um israelense perguntou-lhe se ele aceitaria entrar na fila na sua frente. Mais do que agradecido, Moshê aceitou.
          Fez seu pedido, comeu rapidamente e saiu em direção à sua próxima reunião. Menos de dois minutos após ter saído,  ele ouviu um estrondo aterrorizador.
          Assustado, perguntou a um rapaz que vinha pelo mesmo caminho que ele acabara de percorrer o que acontecera. O jovem disse que um homem-bomba acabara de detonar uma bomba na pizzaria Sbarro’s.
          Moshê ficou branco. Por apenas dois minutos ele escapara do atentado.
          Imediatamente, lembrou do homem israelense que lhe oferecera o lugar na fila. Certamente ele ainda estava na pizzaria. Aquele sujeito salvara a sua vida e agora poderia estar morto.  Atemorizado, correu para o local do atentado para  verificar se aquele homem necessitava de ajuda. Mas encontrou uma situação caótica no local.
          A Jihad Islâmica enchera a bomba do suicida com milhares de pregos para aumentar seu poder destrutivo. Além do terrorista, de vinte e três anos, outras dezoito pessoas morreram, sendo seis crianças. Cerca de outras noventa pessoas ficaram feridas, algumas em condições críticas. As cadeiras do restaurante estavam espalhadas pela calçada.
          Pessoas gritavam e acotovelavam-se na rua, algumas em pânico, outras tentando ajudar de alguma forma. Entre feridos e mortos estendidos pelo chão, vítimas ensangüentadas eram socorridas por policiais e voluntários.
          Uma mulher com um bebê coberto de sangue implorava por ajuda. Um dispositivo adicional já estava sendo desmontado pelo exército.
          Moshê procurou seu "salvador" entre as sirenes sem fim, mas não conseguiu encontrá-lo. Ele decidiu que tentaria de todas as formas saber o que acontecera com o israelense que lhe salvara a vida.
          Moshê estava vivo por causa dele. Precisava saber o que acontecera, se ele precisava de alguma ajuda e, acima de tudo, agradecer-lhe por sua vida.
          O senso de gratidão fez  com que esquecesse da importante reunião que o aguardava. Ele começou a percorrer os hospitais da região, para onde tinham sido levados os feridos no atentado. Finalmente encontrou o israelense num leito de um dos hospitais.
          Ele estava ferido, mas não corria risco de vida. Moshê conversou com o filho daquele homem, que já estava acompanhando seu pai, e contou tudo o que acontecera.
          Disse que faria tudo que fosse preciso por ele. Que estava extremamente grato àquele homem e que lhe devia sua vida. Depois de alguns momentos, Moshê se despediu do rapaz e deixou seu cartão com ele.
          Caso seu pai necessitasse de qualquer tipo de ajuda, o jovem não deveria hesitar em comunicá-lo. Quase um mês depois, Moshê recebeu um telefonema em seu escritório em Nova Iorque daquele rapaz, contando que seu pai precisava de uma operação de emergência.            Segundo especialistas, o melhor hospital para fazer aquela delicada cirurgia fica em Boston, Massachussets.
          Moshê não  hesitou. Arrumou tudo para que a cirurgia fosse realizada dentro de poucos dias. Além disso, fez questão de ir pessoalmente receber e acompanhar seu amigo em Boston, que fica a uma hora de avião de Nova Iorque.
          Talvez outra  pessoa não tivesse feito tantos esforços apenas pelo senso de gratidão. Outra pessoa poderia ter dito "Afinal, ele não teve intenção de salvar a minha vida: apenas me ofereceu um lugar na fila ..."
          Mas não Moshê. Ele se sentia profundamente grato, mesmo um mês após o atentado. E ele sabia como retribuir um favor. Naquela manhã de terça-feira, Moshê foi pessoalmente acompanhar seu amigo e deixou de ir trabalhar. Sendo  assim, pouco antes das nove horas da manhã, naquele dia onze de setembro de 2001, Moshê não estava no seu escritório no 101º andar do World Trade Center – Twin Towers.

Texto atribuído a Zev Roth, escritor e
pesquisador de histórias de vida da comunidade
judaica em todo o mundo. Vive atualmente em Israel.

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