TEXTOS DO AUTOR

CONJUGAÇÃO ESPERTA

Eu aqui, tu ali, ele lá. Uma maneira sui generis de conjugar advérbios foi o que o menino descobriu, para espanto da professora Thirsa, lá na escolinha rural.

Era uma escola rural. Reginaldo, aluno matreiro. Usava pitadas de humor, que, além de tornar mais interessantes as nossas aulas, revelavam o quanto era inteligente.

Naquele dia eu perguntava à classe como era classificado o "aqui". Reginaldo, sem titubear, respondeu antes de os colegas raciocinarem.

— É verbo.

— Hmmm! Pois se é verbo — disse eu —, conjugue. Voz bem alta, pra todo mundo aprender, gracinha de garoto...

O rapazinho, olhar maroto, ficou de pé, fechou os olhos e atendeu ao pedido, meio sério, meio riso abafado:

— Eu aqui, tu ali, ele lá. Nós aquém, vós além, eles acolém.

 

Thirsa Costa * (texto publicado em Além da Revisão — Critérios para revisão textual, p. 88)

 

(*) Thirsa do Carmo Fernandes Costa  (1919-1989) era professora. Carinhosamente chamada de Tirzinha, seu nome de solteira era Thirsa Bueno do Carmo. Funcionária do Instituto Adolfo Lutz e do Centro de Saúde de São José do Rio Preto-SP, foi casada com o advogado, professor, inspetor e reverendo Camilo Fernandes Costa. Em Campinas, Curitiba, Botucatu, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto, abraçou com ardor inúmeras causas sociais.

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