Um sonho que se reporta ao tempo em que os bichos falavam, e mais, filosofavam. Tempo também de praticidade entre a bicharada.
Está acordada?
Hmmm...
Posso falar de um sonho que tive?
Hmmm... precisa mesmo a essa hora? Três da manhã!
Um pesadelo. Argh! Preciso falar com alguém, antes que eu me esqueça dos detalhes.
...
Eu tinha um ex-genro que maltratava a nossa filha. Existe ex-genro?

No sonho eu tinha. Ex-genro. Ele era mala sem alça. Fazia de tudo para atrapalhar a vida dela. Estavam num processo traumático de separação. Falava mal dela para o próprio filho deles. Alienação parental.
Caramba! Pesadelo mesmo!
Pior foi o saruê no sonho!
Como assim?
Aquele gambazinho. Entrou pela janela. E falou comigo.
Ufa! O que ele disse?
Entrou em detalhes sobre os costumes do ex-genro. Pequenos e grandes atos condenáveis dele. E falta de postura ética. Até coisas que eu nem sabia. Dissimulação, mania de levar vantagem. Sempre na contramão do politicamente correto. E o saruê foi falando, falando... não parava. Falou da falta de sensibilidade, falou dos métodos nada ortodoxos dele, falou do hábito de levar vantagem em tudo, o que elevava sua autoestima... Falou cada coisa que nem vou querer relatar.

Não! Mas eu sentia à distância as dificuldades emocionais dela. Um peso que se estendia já por longo tempo. Ficava claro isso. Eu então perguntei o que o saruê queria exatamente.
E ele disse que nós tínhamos três caminhos a seguir.
Três? Hmmm. Quais eram?
Primeiro, deixar a Justiça resolver. E o que a Justiça dos homens não fizesse, a Justiça Divina faria. Segundo, esquecer todas as pendengas. E perdoar... Terceiro, contratar alguém do submundo para dar uma surra no ex-genro.
Submundo da política? Senado ou Câmara?
Não! Submundo normal. Da periferia ou de áreas nobres! Você sabe como é...
Esse sonho, de filosófico está passando a violento...
E o pior! O saruê deu detalhes dessa terceira alternativa. Tunda boa custava 250 reais. Coça com chibatadas e aplicação posterior de sal grosso, 350 reais...
E você escolheu o quê?
Nada! Acordei. O que você achou disso tudo?
Achei caro. Agora durma.
Aristides Coelho Neto, 18 de fevereiro de 2018
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