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E GATO TAMBÉM É GENTE?

Muitos se lembrarão de Windy, uma gata que partiu para o reino dos gatos. Marão viu a foto dela no site, engoliu em seco, e tascou uma mensagem. O que surpreende é que Marão e Windy pouco se relacionaram.

Muitos se lembrarão de Windy, uma gata que partiu aos catorze anos de idade para o reino dos gatos, que fica obviamente em outra dimensão. Muita gente se pergunta para onde vão os animais quando morrem. Uns dizem que vão para um lugar em que se reúnem com outros bichos. Quem conhece Teosofia tem explicações muito interessantes sobre a preservação da individualidade e o destino dos animais. Dentro do conceito teosófico o animal retornaria a uma espécie de reservatório de matéria anímica denominado alma-grupo.

foto acn - Windy em dez. 2006Bem, em 11.8.2008 Windy deu seu último suspiro lá na clínica veterinária do Centro de Atividades, quando faliram de repente todos os seus órgãos vitais.

Essa gata deixou saudades pela sua presença leve, discreta, alegre, marcante. Ela se sobressaía em relação aos seus companheiros felinos por ser educada, como se tivesse estudado em Oxford. Não quebrava coisas, não roubava alimentos na cozinha. E conversava muito com a gente, sem falar patavina, claro.

Quando posava para fotos deixava transparecer a sua eterna elegância, mas também um certo ar de superioridade, que todos compreendíamos como uma ligeira falta de modéstia que acomete tanto animais quanto humanos, estes últimos principalmente. É a tal da vaidade.

Marão viu a foto dela no site, engoliu em seco, e ensaiou uma mensagem. O que surpreende é que Marão e Windy pouco se conheceram. Mas Marão sabia que Windy era carinhosa e doce. Porque a gente falava isso sempre pra todo mundo que não a conhecia de perto.

Lá onde Windy foi enterrada, pusemos uma pedra. E plantamos florzinhas delicadas. Infelizmente só nasceu grama. Mas o que valeu a pena mesmo foi a existência da Windy.

Aristides, 13.2.2009

 

 

Epitáfio para Windy

 

Levaram-te enfim...

Como a última curva engole o rio.

E por esta casa,

Nestes cantos tão sombrios,

Pairam, diáfanas,

Apenas as lembranças.

Esquece a mão

Que te afagou o pelo.

Concede aos homens,

Apenas um apelo.

Negligencie a nossa insanidade...

Assim entregarás,

A quem te deu o zelo,

Mais um pouquinho de Amor...

Em troca de Saudade.

 

Um abraço tardio,

Marão, em 13.2.2009

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