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Unificação é balela!

Portugal e Brasil se alinham na implementação do acordo ortográfico. Mas um indignado leitor do Estadão diz que unificação é balela. E que a reforma “elitizará ainda mais o ensino do idioma” e “o ensino no Brasil, já tão mal das pernas”.

Mudanças com o acordo ortográfico – Na página do Estadão
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20080726/not_imp212282,0.php

Sábado, 26 de julho de 2008

Portugal vai adiantar mudança ortográfica

Segundo ministro português, país decidiu acompanhar Brasil, que pretende colocar em vigor acordo em 3 anos

Jair Rattner

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Luís Amado, anunciou em Lisboa que o país deverá acompanhar o Brasil e adiantará a entrada em vigor do acordo ortográfico. Segundo o ministro, o Brasil se transformou no motor da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

"Para nós, 2011 é uma data que se adapta ao previsto de entrada em vigor em 3 a 5 anos e está dentro do que é proposto pelo Brasil", disse Amado, em um dos intervalos da VII Conferência de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Países da Língua Portuguesa.

Na aprovação do acordo ortográfico, em março deste ano, o governo português propôs um prazo para a implantação das mudanças de até seis anos. Ontem de manhã, na chegada à reunião, o ministro brasileiro da Educação, Fernando Haddad, revelou que o Brasil deveria implantar as alterações ortográficas em um prazo menor, de até 3 anos.

O ministro português considerou normal o protagonismo brasileiro. "O Brasil tomou esta iniciativa e tornou-se o impulsionador da CPLP. Sem o Brasil ter esta decisão, estávamos parados", afirmou.

"Estamos trabalhando o cronograma de implantação do acordo ortográfico. Neste momento, estamos tendo conversas informais com grupos editoriais brasileiros, sobretudo os que trabalham com livros didáticos, prevendo um prazo de dois ou três anos e internamente junto ao ministério da Cultura, para que a minuta do decreto presidencial possa ser colocada em consulta pública, o que deve acontecer em cerca de 30 dias" informou Haddad. "Pretendemos publicar esse decreto presidencial talvez ainda em setembro ou outubro", completou o ministro brasileiro.

O acordo ortográfico entra em vigor depois que três países tiveram ratificado. Até agora, foi ratificado por Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Brasil e Portugal.

Amado afirmou que Angola deverá ratificar o acordo ainda neste ano: "Hoje mesmo Angola anunciou que vai avançar com o processo de ratificação assim que o novo Parlamento tomar posse". As eleições para o Parlamento angolano estão previstas para setembro.

CONSEQÜÊNCIA

Segundo Haddad, a principal conseqüência da aprovação do acordo será política: "O que muda com o acordo é a cooperação. A ortografia muda muito pouco. Tanto no Brasil como em Portugal a expectativa é que a adaptação seja relativamente simples. Mas em foros internacionais penso que a cooperação vai ser muito promovida. Imagine a dificuldade de uma língua em foros internacionais sem uma ortografia comum", ressaltou o ministro.

Haddad também contou que, antes de viajar para Portugal, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou ao Congresso Nacional o projeto de lei para a constituição de uma universidade voltada para os países de língua portuguesa.

"O presidente encaminhou ao Congresso Nacional a proposta de criação de uma universidade voltada para os países da CPLP. Vai se chamar Unilab, Universidade Federal Luso-Afro-Brasileira, com o objetivo de criar um ambiente político-pedagógico voltado para a promoção da língua." A instituição deve se localizar em Redenção, no Ceará.

Comentários do Anônimo....

É preciso resistir...

Sáb 26/07/08 08h10 Anônimo

O ministro Haddad diz: "imagine a dificuldade de uma língua em foros internacionais sem uma ortografia comum".

Pura bobagem! Inglaterra e EUA tem grafias diferentes e estão aí nos foros internacionais. O que conta é a projeção econômica e cultural do país e não uma suposta grafia unificada!

Os jornais, em vez de ficar consultando "especialistas" deveriam ouvir os milhões de usuários do idioma. A queda do acento diferencial, por exemplo, agora impedirá manchetes de jornal como "Manifestação para Trânsito". O que quer dizer isto? Ambíguo! A grafia ainda em vigor manda escrever "pára", e desaparece a ambigüidade.

Como ensinar ao menino e menina lá no interior do Amazonas, com seu livrinho na mão, a pronúncia de “ambiguidade”? Mando comprar computador e encomendar dicionário com CD? Na grafia anterior o trema resolvia a dúvida.

Esse acordo prejudicará o aprendizado de milhões de jovens brasileiros e elitizará ainda mais o ensino do idioma.

É preciso resistir

Sáb 26/07/08 07h50 Anônimo

É preciso desmascarar esse acordo ortográfico como sendo de interesse unicamente das editoras, de olho no mercado, mas contrário aos milhões de jovens brasileiros que se iniciam no aprendizado da sua língua pátria. A eliminação dos acentos em "ói" "éi" visa unicamente a atender à prosódia portuguesa. No Brasil a pronúncia é aberta "assembléia", "colméia". Como ensinar ao menino e menina lá no interior do Mato Grosso, com seu livrinho na mão, a pronúncia de "colmeia" (como agora será escrito) ? Mando comprar computador e encomendar dicionário com CD? Com a grafia anterior ela não precisava nada disso. O Mesmo pergunto quando essa criança vir "exiguidade". Antes, o trema resolvia a dúvida, agora, terá que checar em dicionário. Esse acordo prejudica a educação no Brasil, já tão mal das pernas. É preciso acabar com essa balela de "unificação". Mentira! Antes, desunifica. Agora os portugueses poderão escrever "conceção" e "receção". Não entendeu? São as conhecidíssimas "concepção" e "recepção". Unificou? Mentira!

Comentários (3)

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