Companheiros mudos

Mais ou menos cultos, sempre procuramos a frase exata, no momento certo, para externar um ponto de vista. E eles?...

Com excelentes razões, mobilizas os talentos da palavra, a cada instante, permutando impressões com os outros.

Selecionas os melhores conceitos para os ouvidos de assembleias atentas.

Aconselhas o bem, plasmando terminologia adequada para a exaltação da virtude.

Estudas filologia e gramática, no culto à linguagem nobre.

Encontras a frase exata, no momento certo, em que externas determinado ponto de vista.

Sabes manejar o apontamento edificante, em família.

Lecionas disciplinas diversas.

Debates problemas sociais.

Analisas os sucessos diários.

Questionas serviços públicos.

Indiscutivelmente, o verbo é luz da vida, de que o próprio Jesus se valeu para legar-nos o Evangelho renovador.

Entretanto, nesta nota simples, vimos rogar-te apoio e consolação para aqueles companheiros a quem a nossa destreza vocabular não consegue servir em sentido direto.

Comparecem, às centenas, aqui e ali...

Jazem famintos e não comentam a carência de pão.

Amargam dolorosa nudez e não reclamam contra o frio.

Experimentam agoniadas depressões morais, sem pedirem qualquer reconforto à ideia religiosa.

Sofrem prolongados suplícios orgânicos, incapazes de recorrer voluntariamente ao amparo da medicina.

Pensa neles e, de coração enternecido, quanto puderes, oferece-lhes algo de teu amor, através da peça de roupa ou da xícara de leite, da poção medicamentosa ou do minuto de atenção e carinho, porque esses companheiros mudos e expectantes que nos rodeiam são as criancinhas necessitadas e padecentes que não podem falar.

 

Emmanuel (psicografia de Chico Xavier, em Luz no Lar, lição 29)

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