TEXTOS DO AUTOR

A ZUSTENTÁVEL LEVEZA DO "Z"

Será que o Zorro era Sorro? simplesmente porque tinha problemas com o teclado? como o Luiz Azevedo? Bem, Sandra Falcone, com muita "zabedoria", mostra que quem não tem cão — digo, são — caça com zão, pois a ordem é substituir. Não vale é ficar estático.

Um belo dia, um teclado inteligente, amancebado com um computador muito malandro, querendo brincar com um poeta de mão cheia, disse:

— Que tal a gente escafeder com o S? Quero ver só a cara do nosso querido poeta Luiz Azevedo!

Assim foi feito!

E o que fez o poeta sem o S? Titubeou? Deixou seus poemas na gaveta? Lamentou-se?

Não! Mandou um bilhetinho para os amigos esclarecendo o desaparecimento do S do seu teclado e simplesmente substituiu o S pelo Z e largou a maior braza!

E eu percebi que os seus textos não perderam a qualidade, pela substituição forçada. Continuavam belos, interessantes e com um toque muito especial... Textos graciosos!

E o que aconteceu? Comigo, pelo menos?

Com muito esforço, mesmo tendo meu S aqui, vivinho da silva no meu teclado, por pouco, muito pouco, não mandei o dito passear e fiquei zanzando com o Z.

E qual a razão da minha repentina paixão, que provavelmente seria objeto de um congresso dos gramaticais do mundo? Um mutirão de vozes gritando: sabedoria é com S e não com Z!!!

Lição de vida. Ah! que vontade de escrever lizão e meter o pobre Ç que nada tem com isso nesta história. Sim! Muitas vezes temos que escrever zabedoria, com Z mesmo, não tem outro jeito.

Todos nós, de um modo ou de outro,  sempre estamos à procura de algo. E muitas vezes deixamos  de procurar e, pior ainda, de desejar — no sentido profundo da vida —, por faltar alguma coisa, pequena ou grande. Por conta dessa frustração,  ficamos  engavetados, embotados  e  não fazemos  o menor esforço para substituir a coisa que falta. Mesmo que a substituição não seja o ideal e tenha uma aparente incoerência. Medo? Fraqueza? Omissão? Preguiça de pegar no batente?

Numa comparação esdrúxula, ficamos na espera do S, que se escafedeu para sempre, calados perante a vida! E ficar calado perante a vida nada mais é do que in-sabedoria (caramba que forçada de barra minha agora!). É des-viver.

Ah!, meu querido Luiz Azevedo. Esse seu Z, adotei como zabedoria da alma!

Só que, na escrita, estou impedida. Afinal o que seria de mim sem a inicial do meu nome?

 

Sandra Falcone

http://sandrafalcone.blogspot.com/2008_01_23_archive.html
www.sandrafalcone.com.br

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