Quem é quem

Quem são os personagens de Estágio no Planeta Terra

Pelos idos de 1988, Lauro de Freitas Carvalho, Leviston Carvalho e Pedro Braga Neto também passaram os olhos nos rudimentos de Estágio no Planeta Terra. Suas críticas foram muito importantes.

A arte da capa e as ilustrações são de Eugênio Barboza, arquiteto, ilustrador, funcionário do Governo do Distrito Federal. Rovi é o nome do extraterrestre que vem estagiar na Terra. Escolhi esse nome porque me soa exótico. Mas existe um Rovi Bergemann de Aguiar – nascido em S. José do Rio Preto, marido de Dulce Borghesan –, amigo arquiteto, formado na UnB, hoje residente no Rio de Janeiro.

QUEM É QUEM NA NARRATIVA

Sleepy, o nosso cachorro, que mencionamos em várias partes, existiu.  Era um poodle que morreu em 2002, aos catorze anos de idade. Uma catarata o deixou cego aos cinco, mas se locomovia bem para todos os cantos da casa.

Wanderley, o papagaio, também existiu e o episódio na clínica veterinária (p. 39) é verídico.  O papagaio viveu com a família do autor até o dia em que desapareceu num voo arrojado.

Murilo, que na consulta veterinária do papagaio acompanhou a mim e ao Leandro (Léo na narrativa), é Murilo Roberto, filho de João Lauro Roberto e Vera Lúcia Fracari Roberto, amigos queridos, ele, hoje na pátria espiritual, ela, em Brasília.

A foto minha publicada na primeira edição, de camiseta, foi tirada em Guarujá, com meus tios Pedro de Souza Coelho e Eunice Isique.  A mão dela em meu ombro foi retirada por tratamento da foto em computador.  Na segunda edição, preferi uma foto de terno (esta tirada em São Paulo, em fevereiro de 1999, no casamento de Marina, minha sobrinha, e Adriano, que hoje moram em Maringá). De terno, a foto ficou parecida com aquelas de autores da Seleções Reader’s Digest, não é mesmo?...

À pág. 31, cito Delma Lúcia Ribeiro Almeida, do Maranhão, irmã de José Maria; Ana, de São Miguel de Goiás; Luzinete, que trabalhou na Atual Propaganda, em Brasília; Joana Rosa da Silva, do Piauí; Regina Cláudia Lago da Silva, da Bahia. A essa relação vale acrescentar Neuza Maria da Silva.

Livros mencionados: A vida nos mundos invisíveis, de Anthony Borgia (p. 17) é livro muito antigo e nem deve mais ser publicado.  Falo algo sobre ele em meu artigo Sempre é tempo de corrigir. A obra Eram os Deuses Astronautas? é de Erich von Däniken, Os Exilados de Capela, de Edgard Armond, A Caminho da Luz, de Emmanuel (Ed. FEB). À pág. 150, o psicoscópio mencionado no texto simula um aparelho mencionado no cap. 2 de Nos Domínios da Mediunidade, de André Luiz (Ed. FEB).

Villela, personagem das págs. 80 e 144, é  João Villela de Albuquerque, casado com dona Nilza. Conheci o casal em Petrolina, PE, na época em que eu viajava regularmente para lá a trabalho, num programa do PNUD. Os dois já faleceram, ambos em Mirassol, SP. As histórias sobre Villela, no livro, são verídicas.

Ei-las, a primeira, da página 80:

(...) Lis e Adriano entreolham-se, sem dizer nada.
— Ele podia usar a famosa psicologia vulgar – não é esse o nome? – e dar a péssima notícia mais devagar! – observa Adriano, visivelmente chateado.  — Pior no jeito de dar notícia ruim só o ajudante do Villela...
— Como assim?!  – pergunta Lis.
— O Villela, lá de Petrolina!  Ele conta que estava fazendo um voo do Rio a Recife, num avião de tamanho médio, quando surge uma pane séria no motor. Não havia saída.  Inevitável o pouso forçado! Villela sabia que havia entre os passageiros um coronel da Marinha. Pessoa ideal, imagina Villela, para preparar os passageiros.   Pede a sua ajuda, para que, com muito jeito, da melhor forma possível, mantivesse as pessoas sentadas, com os cintos atados.  Que não falasse do pouso forçado, embora o fosse realmente.   O homem sai da cabine, daquelas separadas por uma cortina, e despeja toda a sua "perspicácia":
— Vamos ter que fazer uma aterrissagem que não estava prevista, exatamente agora! 
Saca de uma pistola e completa:
— Permaneçam em seus lugares! Quem se mexer leva bala!
Lis acrescenta, sorrindo:
— Que sutileza! Pelo menos o nosso filho não fez nenhuma ameaça...
Liane percebe que por trás da brincadeira
, o pai está aborrecido e tenta amenizar. (...)

Outra passagem, da página 144:

(...) Adriano senta-se na cama de Liane e diz:
— Bem, já que você estava voando, vou-lhe contar mais uma história do Villela, que também gostava de voar.
— Aquele de Petrolina.
— Sim, que agora mora em Mirassol. Ele era oficial-instrutor de voo, da Academia de Aeronáutica.  Estava dando aula para um aluno muito chato.  Num avião de dois lugares.  Tudo que ele ensinava para o aluno, este dizia que já sabia. Se corrigia uma manobra, o aluno contestava. Era um sabichão.
— O que é sabichão, papai?
— Quem pensa que sabe tudo e não sabe nada.  Quem não tem humildade de aprender.  Pois bem, Villela percebeu, tinha que dar uma lição no aluno.  Vocês sabem, Villela era muito exagerado nas coisas.  Insistiu em corrigir um dos procedimentos do aluno. Não adiantou, o aluno "sabia de tudo, sabia voar", afirmava.  Só que o aluno nunca havia feito um solo.  Fazer solo é voar sozinho, sem ninguém para ajudar. O sabichão estava no manche, no comando.  Sabem o que Villela fez?
— Deu um beliscão no bobão? – perguntou André.
— Muito pior.  Villela saltou de paraquedas.  Quando chegou ao chão, enrolou o equipamento e ficou sentado observando.  Pouco depois o aluno desceu com o avião assim: tóin, tóin, tóin.
— Quicando – completou Liane, fazendo um gesto de sobe-e-desce com a mão.
— Isso – confirmou Adriano.  — Mas o avião parou ao final da pista e lá ficou.  Villela foi até o avião para saber por que o aluno não o trazia até o hangar.  Quando subiu na asa, descobriu que seu aluno, branco como cera, além de estar todo molhado, não conseguia fazer as pernas pararem de tremer.
— Bem feito! – gritou Liane.
Todos deram gostosas gargalhadas. Rovi só sorriu.  Por vezes vivia a condição de aprendiz por estar fazendo um estágio no planeta Terra. Por vezes, a condição de instrutor.  Aquela família, felizmente nada presunçosa como o tal aluno,  precisava aprender a voar sozinha.  Ele, Rovi,  jamais saltaria de paraquedas nessa hora...
— Léo, passe a margarina, por favor.
— Pai, por que você não escreve um romance com as histórias do Villela? – pergunta Élida.
Antes que Adriano responda, Lis fala por ele.
— Seu pai, acho, prefere a crônica ao romance.
— Pois escreva um romance crônico – diz Léo.
— Credo! Parece doença – comenta Élida.
A família está muito alegre.  O clima mudou na casa.  A misteriosa tristeza, que havia tomado conta de todos, desaparecera.

Vilela

Estágio no Planeta Terra fala das bizarrices do Villela, que provocam risos.  Na vida real, porém, o nosso personagem tinha muito a oferecer. Homem culto, criativo, de temperamento irrequieto, sem papas na língua, demonstrava ser tanto um amante das ciências exatas como das ciências humanas. Em não raros momentos exibia extrema sensibilidade e alto grau de espiritualização.

Em carta de 3.7.1952 à sua esposa Nilza – Villela estava em São Paulo –, ele então aos 31 anos, em natural luta pela sobrevivência, dizia: “Tenho sentido bastante não ter-te aqui ao meu lado para dar-te um pouco das palmas que tenho recebido em meus discursos feitos nas reuniões sociais do Capítulo. Advogados, médicos, engenheiros, escritores, presidentes de bancos me têm aplaudido de maneira fervorosa.. (...) Todos gostam de mim e me respeitam, principalmente o venerável mestre do Capítulo. (...) Fui por eles escolhido para fazer uma série de conferências espiritualistas. Estou certo, estarás presente à última delas, que será em dezembro, no auditório da ABI. Versará sobre a vida do grande Da Vinci. Nestes cinco ou seis dias já estarei trabalhando. (...) Muito me tem preocupado teu estado de saúde, principalmente a afetação dos teus rins. Esteja certa: haverá dinheiro para assistir ao teu parto e nosso filho será forte e sadio”.

Dos três filhos que teria o casal Nilza/João Villela, todos morreriam ainda bebês. A filha Ana Cláudia chegaria bem mais tarde, pelas vias do coração.

Na mesma carta de 1952, Villela finalizava, depois de perguntar e demonstrar muito carinho por vários amigos queridos: “Abraça a mamãe [Aurélia, esposa de Gaudêncio Elizeu] por mim, recomendações ao Dário, (...) a Maria e seus tumores... diz a minha mãe que quando tudo estiver mais calmo escreverei a ela.  Tenho estado com vocês constantemente. Tranqüiliza-te, meu bem, em breve estaremos no aconchego de nosso lar.  Escreve-me agora com assiduidade para o endereço de sempre, pois não mais vou sair de São Paulo a não ser para ver-te e abraçar-te. Aceita os mais efusivos abraços deste sempre teu, Villela.”

O carinho demonstrado de Villela por Nilza sempre foi o mesmo, até o dia 17.9.1999, quando faleceu vítima de um tombo. Nascera aos 23.6.1921, em Bom Conselho, PE. Faleceu em Mirassol, SP, aos 78 anos de idade.

Como já disse, conheci Villela em Petrolina, PE, nos anos 80. Tratava-se de um trabalho conjunto que executávamos sobre  tecnologias alternativas de construção. O projeto envolvia o PNUD, Prefeitura de Petrolina e a Universidade do Ceará.

O pernambucano Villela estudou no Colégio Pedro II, no Rio. Desempenhou uma multiplicidade de atividades tanto civis como militares. Era engenheiro civil, topógrafo. Projetou e construiu desde edifícios a construções de barragens e  implantação de linhas de transmissão.  Foi paraquedista, trabalhou no Correio Aéreo Nacional. Como aviador da Força Aérea Brasileira, chegou a praticar instrução e voos acrobáticos. Dentre vários elogios, em documento do Comando de Transporte Aéreo (assinado pelo Cel. Aviador Aroldo Ayres Leal, então comandante) destaca-se um em função do ato heróico de Villela no salvar um colega prestes a morrer carbonizado em  acidente.

Nos meus encontros com Villela, ele sempre demonstrou uma insatisfação e uma mágoa muito grande pelas dificuldades que teve na velhice para trabalhar como engenheiro.  Se, hoje em dia, emprego é difícil para uma pessoa de 40 anos, imagine para uma pessoa de mais de 70...

Certa feita, passando por Mirassol, procurei por Villela e dona Nilza. Queria revê-los, como fazia sempre que podia em minhas viagens a São José do Rio Preto (Mirassol está a 15 km de R. Preto). Mas outras pessoas, que não o casal Villela/Nilza, estavam morando na rua São Sebastião. E os vizinhos informaram: os dois haviam morrido. Em junho de 2003, procurei Ana Cláudia da Silva Barros  em Mirassol.  Ela casara-se e, descobri, agora morava em Sertãozinho (seu sobrenome hoje é  Papanoni).  Falamo-nos por telefone e fiz-lhe uma encomenda: falar sobre Villela e Nilza. Queria disponibilizar algumas informações sobre o casal na homepage de meu livro.

Vale a pena transcrever alguns trechos da carta de Ana Cláudia. Ela nos diz da personalidade de Villela e Nilza e da forma como os caminhos do casal e de Ana Cláudia se cruzaram, marcando a trajetória de todos, já que Ana passou a ter dois pais e duas mães...

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“Sertãozinho, 17 de setembro de 2003.

Tio Ari,
(...)
Estou amando ser mãe, mas (...) marinheira-de-primeira-viagem, sem ninguém para ajudar, ensinar, acalmar... é tão difícil (...)  a carência de pai e mãe é enorme.  Sei que os tenho espiritualmente sempre. Contudo, não posso mentir dizendo que ‘sei andar totalmente sozinha’.
Hoje faz 4 anos (17/set.) do desencarne dele, ‘meu velho’ [João Villela] e daqui a 12 dias (29/set.) do dela [Nilza de Oliveira Albuquerque].

Passados alguns apertos e sufocos, comecei a juntar dados da sua ‘encomenda’. Saiba, sempre que eu ia dar de mamar para Catarina de madrugada eu escrevia para você, como se fosse um diário, num bate-papo gostoso. Hoje estou apenas juntando e atualizando ‘as nossas conversas’.

Comecei juntando fotos de vários momentos e lugares. Também liguei para alguns familiares, dentre eles os tios Nelson e Dorgival, que o amavam tanto quanto eu (...)

Eu tinha nove anos de idade, quando nos vimos pela primeira vez – minha mãe [a mãe biológica] estava na casa deles fazendo uma faxina. Desde o primeiro momento em que nos vimos  foi, de imediato, a admiração e o fascínio um pelo outro: eu por ele e vice-versa. A minha mãe nº 2 (Nilza), sempre a ‘Amélia’, o anjo da guarda da minha vida e da dele.

Como todas as pessoas ele tinha lá seus defeitos.   Era orgulhoso, às vezes nervoso e inflexível, um ‘sabe-tudo’.  Mas pai trabalhador, extremamente honesto, para mim, partiu desta Terra com a certeza do dever cumprido.

Era um ser muito querido pela única filha que Jesus lhe concedeu pelas vias do coração. Amigo, era o meu referencial de tudo. Solidário, digno, mole nas emoções em geral, chorava por qualquer coisa (de felicidade e de tristeza).  Um pai que brigou para que eu fosse a primeira negra a estudar no colégio de freiras Nossa Senhora Auxiliadora, da elite de Petrolina.

João Villela de Albuquerque foi um homem que, após os cabelos brancos, se auto-definiu como ‘desempregado-inútil-aposentado e com Parkinson’, mas era digno de toda a minha admiração e respeito. Ah! Era também escritor e poeta. Inteligente, sonhador... Uma pessoa aberta, amiga e à frente do seu tempo.

Na velhice, porém, sentiu-se muito sozinho. Venceu, pelo ângulo das convicções, da família, do amor e do dever cumprido. Mas choro só de lembrar quantas vezes vi meu velho triste por não aceitar o fato de ser engenheiro e, na velhice, não ter a sua casa para repousar.

Por falar em casa, e para descontrair, vou lhe pedir algo: você joga na megassena? Se sim, e se um dia ganhar, desculpe a ‘cara de pau’, mas tio, ajude-me a ter a minha casa...

Minha mãe sempre foi uma mulher grande. Nunca deixou se abater. Nem no período da quimioterapia, ela deixava de amanhecer cantando! Nunca cheguei em casa sem que meu velho fosse atrás de mim para saber como tinha sido o meu dia. Nunca me deitei sem que minha mãe me oferecesse um leite ou uma banana frita com açúcar. E eu, desde o dia em que ‘os encontrei’, não canso de agradecer a Deus por ter tido o privilégio de tê-los em minha vida.

O Cláudio [esposo] e a Catarina [filha] são minha vida, minha alegria do dia-a-dia, minha oração. A Catarina me toma muito tempo. Aliás, todo o tempo. (...)  Hoje, gostaria de estudar para concurso, mas chego às 23 horas e tenho de adiantar o almoço do outro dia... Infelizmente, não tenho a mesma disposição para ficar acordada de madrugada como na época da faculdade, quando eu estudava das 23h30 às 2h00.

Eram muitas as frases que ouvia de meu velho falava, que guardarei como tesouro no meu coração: ‘Aninha, estude, pois só o conhecimento liberta!’ ‘Cerque-se de amigos melhores que você.’ ‘Todo homem tem a obrigação de amar e ser honesto’.  Até para casar com a minha mãe Nilza [muitas vezes Ana chama Nilza de madrinha], esse homem teve sua cota de sofrimento. Ele foi casado antes de casar-se com Nilza, com quem teve 2 filhas. Mas o primeiro casamento durou 2 anos.

Ao casar-se com Nilza, então, já havia sido casado. Desquitado, com duas filhas, nordestino... A família da madrinha não o aceitou. Declaradamente não faziam gosto quanto ao casamento. Dos 9 irmãos dela, apenas 2 eram seus amigos de verdade: Pedro (desencarnou ainda jovem e deixou 4 filhos) e o tio Mário, que também deve ter lindas histórias dos dois juntos. Houve um tempo de desemprego do meu pai em que os três (meu pai, minha mãe e o tio Mário) saíram pelo Brasil trabalhando como caminhoneiros. O tio Mário é lúcido, mas escuta pouco ao telefone. Mora em Presidente Prudente e hoje tem, acho que, mais de 84 aninhos.

Nos 20 anos de convivência que tive com eles, nunca vi essas filhas que mencionei telefonarem, ou escreverem para eles em Natal ou aniversário. Logo que casaram (os meus pais), eles precisaram ficar criando as duas por motivo de saúde da mãe delas, e o que sei é que a madrinha cuidou delas como filhas durante 5 anos. Depois, a pedido da mãe delas, e usando de seus inúmeros relacionamentos, ele conseguiu colégio interno de rico para elas. Como filha, eu acho que também não teria gostado de ficar em internato. Mas a madrinha doente, o padrinho trabalhando no Rio Grande do Sul e a mãe sem condições de assumi-las... o colégio foi a solução.

A minha mãe Nilza teve 3 filhos com ele e os três faleceram ainda bebês. Acho que se eles tivessem criado seus filhos, meu velho não teria viajado tanto.

Estou mandando a certidão de óbito dele, algumas fotos, o atestado de ‘inscrição perpétua’. O que é esse atestado? Segundo dona Aurélia (mãe de meu velho, já falecida), no nascimento de Joãozinho, a família, que na época (23.6.1921) era beata e rica, pagou uma fortuna (terra e gado) pelos pecados que ele em vida viesse a cometer. E a Igreja ainda deu o certificado desse absurdo. Parece piada, mas é verídico [Ana refere-se a um dos itens, dentre outros, de um Atestado de Inscrição Perpétua, da Obra Seráfica das Santas Missas para auxílio das Missões Estrangeiras dos Frades Menores Capuchinhos, de 27.7.1943, que diz do ‘gozo da indulgência plenária in articulo mortis...’].

Mando também uma carta dele para ela, com menos de um ano de casados (casaram-se em 21.9.1951), quando trabalhava fora de São Paulo; um poema que ele fez para ela como presente do Dia Internacional da Mulher (8.3.1996), cartões que ele desenhou a bico-de-pena (tenho muitos comigo ainda) e uma pasta com dados pessoais (ele datilografou).

Ela veio a óbito 12 dias depois dele. E agora, no dia 29 de setembro, seu falecimento também completa quatro anos.

Tenho notícias de que a minha velha trabalha muito no plano espiritual e, dentro do possível, ampara como pode o seu amado.

Uma das cenas que nunca sairá da minha mente será a do dia 14 de setembro de 1999.  Ele caminha numa rua próxima à nossa casa e o cachorro do vizinho pula sobre ele.  Ele bate com a cabeça no chão, entra em coma.

Na Santa Casa, eu e minha mãe tivemos autorização para vê-lo juntas. Levamos um choque ao vê-lo entubado, seminu, e vegetando. Naquele momento, tio Ari, a minha mãe fez a prece mais linda que já ouvi.  Eu, as enfermeiras e o médico nos rendemos à emoção de suas palavras: ela agradeceu a Deus e a ele os 49 anos lindos de casamento. Disse-lhe que a sua missão estava cumprida e que logo ela iria ‘encontrá-lo’. E, por fim, reafirmou o que sempre dizia: ‘Quero ser sua esposa novamente! Te amo!’.

Estou sem condições para continuar! Não me esqueça! Beijão
Ana Cláudia, Cláudio e Catarina.

PS: desculpe-me a letra. Estou sem condições para consertar o meu computador”.

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