TEXTOS DO AUTOR

NATAL DE 2013

Ao nos tornarmos generosos a cada Natal e fim de ano, sem saber, estamos demonstrando o nosso potencial, embora tímido, de imagem e semelhança de Deus.

Houve época em que, no Natal, dei ênfase em meus textos à necessidade de reverenciar, com a devida atenção, o Sublime Aniversariante. Isso onde quer que eu estivesse nos festejos natalinos. De forma simples, mas fiel e marcante. Deferência que poderia soar até estranha no ambiente — não o chamemos de pagão ou herege, e sim descompromissado com o foco da data. Que aproveitássemos qualquer oportunidade festiva para relembrar Jesus, sua missão, sua grandeza, e o que Ele espera de nós (ver Natal... 2008 anos depois).

Houve época em que protestei quanto ao fato de Papai Noel estar em maior evidência do que quem deveria.  Disse tantas e boas sobre o personagem tido como bonachão, sustentado porém pelo comércio, que o mantém respirando. Falei da expressão risonha do velhinho esculpida pela Coca-Cola em tempos idos (ver Natal, corrido Natal).

Houve Natal em que bati palmas para um poeta amigo, que afirmava veemente ser o final de ano “data que repudia o exemplo de simplicidade que o estábulo humilde nos traz” (ver Repentes de fim de ano).

Houve Natal em que descobri as cartinhas enviadas para o bom velhinho por meio da campanha Papai Noel dos Correios. Interceptei-as, ansioso por fazer o bem que não fizera comigo e com os outros durante o ano prestes a escoar.

Houve Natal em que me entristeci com o balanço das mudanças íntimas timidamente por mim implementadas. As lembranças do que não aconteceu são as piores, segundo Mauro Camargo.

Houve Natal em que senti vazios e saudades de situações e pessoas... E houve Natal em que o canto coral preencheu todas as minhas premências.

Neste Natal estou pendendo para “deixar rolar” as diferentes formas adotadas pelas pessoas – e os amigos – de festejar essa data que tanto mexe com a gente.

Opto agora por não interferir nas maneiras de comemorar. Nem emitir juízo de valor sobre isso, simplesmente porque me falta autoridade moral. Hoje entendo que tudo faz parte do processo delicado de entender as diferenças. Mas nada impede que eu me deleite com cada reverência bem posta, cada explosão de sentimentos e de luzes. Porque nesta época as pessoas se tornam melhores, mais sensíveis, em função das vibrações que convergem para a fraternidade. Mesmo que a imitação de Jesus ainda seja tímida, é na época do Natal que nos deixamos contagiar pelo Bem, pela Luz Maior. Por que então não fechar os olhos e curtir essas sensações inefáveis? em que o homem dá indícios do seu potencial divino? a despeito de retroceder ou não na semana seguinte? Mesmo que  o surto de generosidade e compreensão seja de caráter efêmero, homens e mulheres mostram no final de ano que têm capacidade de ser bons. E como é bom ser bom!

As mudanças em nós são inadiáveis, mas estou cada vez mais convicto de que elas devem acontecer durante o ano e não ao final dele. Porque no final do ano, naqueles derradeiros dez dias de dezembro, não há tempo. São mudanças complexas, porque estruturais. Natal o ano todo, é isso que o Mestre deseja. O resto...  é resto. Em meio a pensamentos fraternos, despojados do avassalador egoísmo, e outras formas de levar ouro, incenso e mirra a Jesus, é justo que Ele assim agradeça  — “Aceito tudo de bom grado, mas é importante que pensem e ajam como eu, pois Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”.

Feliz Natal! com Jesus!

Aristides Coelho Neto, em 23 dez. 2013 

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