TEXTOS DO AUTOR

VIVA LAS VEGAS

Uma forma bizarra de jogar em Las Vegas sem estar lá.

Sandra, depois de Miami, iria a Las Vegas, lá do outro lado do continente. E ofereceu: quer que eu jogue alguns dólares para você em Las Vegas? Afinal, passar por Vegas e não fazer uma fezinha... nem pensar.

Fico imaginando o que é Las Vegas. A tão falada avenida Las Vegas The Strip deve ser um show de luzes. Dizem que sua escala monumental engana. Tudo parece perto, mas não é. Dizem também para se ter muito cuidado com os assaltos perto das travessas escuras. E quem estiver lá, melhor não se incomodar com o consumo e a venda de drogas em locais nada camuflados. Isso acontece ostensivamente mesmo! Quem ganha seu dinheirinho suado pelos métodos convencionais pode estranhar o exacerbado apelo ao consumo que existe na cidade. E tudo pode ser muito caro para quem tem o dinheiro contado. Assim, há baladas a preços exorbitantes, nessa cidade que prima pela ostentação. Sim, o apelo maior de Las Vegas é ao consumo, o que inclui prostituição.

Las Vegas tem como atração cafonices extremas. Não se inclui aqui o espetáculo do Cirque du Soleil, dito como imperdível. Por essa cidade construída no meio do deserto, a droga rola solta. Bebe-se muito também. Há o perigo de beber, dirigir e acabar preso (ou o perigo de beber, dirigir e não ser preso, alguém diria...). E igualmente o grande perigo de beber todas e acabar casado com pessoa estranha e de má vida. Muita gente se casa por lá. Casar em Las Vegas, mais que atrativo, já virou tradição, para quem quer um casamento divertido e informal. 

Costuma-se dizer que nesse grande parque de diversões para gente grande, em que impera a megalomania, até a grama é sempre falsa. Imagine os cambistas como são fake. Luzes, sexo, drogas, bebida, luxo, consumo, jogo de tudo quanto é jeito.

Voltemos ao assunto do jogo. Após minha encomenda feita a Sandra, sobrariam 12 dólares no cartão. E eu disse: jogue! Nunca gostei de jogo... mas Sandra estava tão empolgada, tão tomada pelo fascínio de Las Vegas... Na sua volta ao Brasil, só então soube que joguei 12, ganhei 50, joguei 50, ganhei 200, joguei 200, perdi 180, joguei 20, ganhei 300. Tudo parecia promissor. Em vez de 300, joguei 400. E perdi 500.

Resultado, fiquei devendo 100 dólares para Sandra. Não tente fazer contas. O que importa é o saldo devedor.

Quando perguntei no que eu havia investido, se pôquer, se roleta, caça-níqueis, sei lá, Sandra disse não saber. Que no dia do cassino não pôde ir. Pediu para uma amiga jogar para mim. Foi uma jogatina incrível! Terceirizada duas vezes (da primeira, com Sandra; da segunda, com sua amiga), com muita adrenalina (para elas), mas sem medo, sem torcida, sem suor (para mim), a mais de 8 mil km de distância, em hora ignorada, em jogo ignorado, virtualidade ímpar. Nesse jogo cego, pelo menos perdi sem me envolver com aquele cheiro horrível de cigarro que paira no ar dos cassinos que se prezam. E viva Las Vegas! como diria Elvis Presley. E viva Sandra, de ideias pra lá de geniais...

Aristides Coelho Neto, 24 abr. 2015

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