Numa brecha da reunião da Comissão de Acessibilidade fiz uma observação ao Paulinho quanto à fala do apresentador. Este dizia que a proposta “ia de encontro” às aspirações. Expliquei ao Paulinho que “ir de encontro” significava exatamente o que o cara não queria dizer. No sentido figurado, significava “estar em desacordo, contrariar”. O certo era “ir ao encontro”. Paulinho, quase que com estardalhaço, me deu os parabéns. E eu disfarcei, morrendo de vergonha... ainda bem que ninguém sabia do que nós estávamos tratando. Êta, Paulinho!
Quando se falou das árvores cuidadosamente escolhidas a serem plantadas nas imediações do abrigo de ônibus, estratégia que complementava as novas propostas para portadores de necessidades especiais (esse o nome, e não mais “deficientes”), com raízes que não danifiquem calçadas, que não soltem muitas folhas, Paulinho não perdeu a oportunidade.
— Sabe por que essas árvores não podem ter macaquinhos?
— Não – respondi com ingenuidade.
— Macacos furtam as pipocas das pessoas que estão esperando o ônibus.
E eu ainda jogo a bola para o Paulinho chutar... vejam só, pensei.
No bate-bola das perguntas e respostas, após a sessão de powerpoint, na primeira oportunidade, perguntei ao Paulinho:
— Sabe por que o tigre é listado?
Como ele disse que não, eu anunciei:
— Por volta de 1935, o Cornélio Pires disse que é uma questão de comodidade dos diretores de circos. Quando o tigre foge, tendo listas, é mais fácil de ser encontrado. Tudo mundo percebe a presença de um tigre por causa das listas. Ninguém o confunde com um gato, ou cachorro, ou cavalo.
Fui bem, pensei comigo.
Faltando dois minutos para o final do evento, eu me virei para o Paulinho:
— Será que vai ter lanche?
E ele, na bucha:
— Só para deficientes...
Paulinho é fogo! Se bem que sem essas gracinhas a gente não agüenta tanta reunião.
Aristides, 24.4.2008
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